Setores extrativo, agropecuário e construção sustentam crescimento em cenário de juros elevados e consumo fraco
O desempenho do PIB brasileiro no terceiro trimestre de 2025 revela um cenário de desaceleração econômica, marcado pela influência dos juros elevados e pela resposta moderada dos principais setores produtivos.
O Produto Interno Bruto do Brasil avançou apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior, frustrando as expectativas do mercado, que projetavam um crescimento de 0,2%. Esse resultado representa uma desaceleração significativa frente aos trimestres anteriores, quando o PIB havia registrado altas de 0,3% e 1,5% no segundo e primeiro trimestres, respectivamente, segundo dados do IBGE.
Contexto e impacto dos juros altos
A principal explicação para o ritmo mais lento da economia está na manutenção da taxa Selic (SELIC) em patamares elevados, atualmente em 15%. Esse cenário restringe o crédito, encarece o consumo e limita os investimentos, afetando especialmente o setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB nacional. No terceiro trimestre, os serviços cresceram apenas 0,1%, praticamente estagnados, apesar de algum impulso vindo do transporte e logística, beneficiados pelo bom desempenho das indústrias extrativas e da agropecuária.
Indústria e agropecuária sustentam o crescimento
Apesar do ambiente desafiador, a indústria mostrou resiliência, com alta de 0,8% no trimestre, impulsionada principalmente pelos segmentos extrativo e de construção civil. A agropecuária também contribuiu positivamente, crescendo 0,4%. Esses setores foram fundamentais para evitar um resultado ainda mais fraco, demonstrando a importância da diversificação produtiva para a economia brasileira em momentos de restrição monetária.
Demanda interna e setor externo
Do lado da demanda, o consumo das famílias avançou apenas 0,1%, refletindo o impacto direto dos juros altos sobre o orçamento doméstico. Os investimentos, por sua vez, cresceram 0,9%, enquanto o consumo do governo foi o destaque, com expansão de 1,3%. No setor externo, as exportações aceleraram 3,3%, contrastando com o crescimento modesto de 0,3% das importações, o que contribuiu para o saldo positivo da balança comercial.
Projeções e perspectivas para o PIB
No acumulado do ano, o PIB brasileiro já registra alta de 2,4%, alcançando R$ 3,2 trilhões no terceiro trimestre. Em 12 meses, o crescimento chega a 2,7%. As projeções do mercado, segundo o Boletim Focus, apontam para uma expansão de 2,16% em 2025, com desaceleração prevista para 1,78% em 2026. O governo federal, por sua vez, mantém uma perspectiva um pouco mais otimista, esperando alta de 2,2% em 2025 e 2,4% em 2026, embora também tenha sido surpreendido pelo resultado mais fraco do terceiro trimestre.
Análise AUVP Analítica
O desempenho recente do PIB reforça a necessidade de atenção redobrada dos investidores e gestores públicos quanto à dinâmica dos juros e à capacidade de reação dos setores produtivos. Em um ambiente de crédito restrito, a busca por setores resilientes e empresas com fundamentos sólidos torna-se ainda mais relevante para a construção de portfólios robustos.
Para quem deseja acompanhar de perto o desempenho das principais empresas brasileiras e identificar oportunidades em meio à volatilidade econômica, a ferramenta de Ranking de Ativos da AUVP Analítica oferece uma visão detalhada dos ativos mais destacados do mercado, facilitando decisões estratégicas e embasadas.